O
Gavião Negro (Hawkman) é um dos
personagens de história mais confusa no universo DC. O próprio nome dado ao herói no Brasil
inspira confusão, já que se trata de um homem branco usando um uniforme verde, vermelho e
dourado.
É um personagem que, em sua longa história, passou por diversos ilustradores, mas ficou muito vinculado ao traço de Joe Kubert (1926-2012), um dos grandes ícones dos quadrinhos e responsável pelo visual da segunda versão do herói.
Originalmente
criado por Gardner Fox e
Dennis Neville durante a chamada "Era de Ouro" dos quadrinhos, o Gavião Negro apareceu pela primeira vez na revista Flash Comics #1,
de janeiro de 1940.
A trama começa
quando o arqueólogo Carter Hall (por acaso, uma reencarnação do príncipe
egípcio Khufu) descobre o “metal enésimo”: uma substância com propriedades
extraordinárias, incluindo a anulação dos efeitos da gravidade. Com esse material, Hall criou um par de asas
que prendia às costas com correias. Para
completar o figurino, utilizou armas antigas do museu onde trabalhava e tornou-se
um combatente do crime. Acabou tornando-se
presidente da Sociedade de Justiça e permaneceu em atividade até o lançamento
de All Star Comics #57 (março de 1951).
Cerca de dez anos
depois, o personagem foi reciclado em The Brave and the Bold #
34 (fevereiro/março de 1961) por Gardner Fox (o roteirista original) e o mestre
ilustrador Joe Kubert. Agora, o Gavião
Negro era o alienígena Katar Hol, uma espécie de policial do planeta Thanagar. Seus poderes (para não dizer seu nome) eram
bem parecidos com os de Carter Hall. O
extraterrestre veio para nosso planeta com sua esposa Shayera, perseguindo um criminoso espacial, e acabaram ficando por aqui.
Como se a história não estivesse confusa o sucifiente, Katar Hol decide
mudar de nome para Carter Hall, e sua esposa adota o nome de Shiera Hall.
Em
meados da década de 1960, ficamos sabendo que o Gavião Negro original era um
habitante da Terra 2 (um mundo paralelo, cuja linha de tempo é um pouco
defasada em relação ao nosso universo), enquanto que Katar Hol vivia na Terra 1.
No final da década de 1970, sobreveio a guerra
Rann-Thanagar, e o casal thanagariano voltou ao seu planeta de origem para
lutar contra seus inimigos.
Em 1985, a DC tentou “organizar a casa”. Seus inúmeros personagens, universos e
histórias alternativas estavam praticamente impossíveis de acompanhar. A série Crise
nas Infinitas Terras surgiu para eliminar incompatibilidades, contradições,
redundâncias e absurdos em geral. As
várias versões do planeta Terra foram fundidas numa única, mas isso criou ainda
maiores confusões no caso do Gavião Negro.
Quem era ele, afinal de contas?
Acabou-se decidindo que o Carter Hall da Era de Ouro havia continuado na
ativa.
Na década de 1990, foi estabelecido que Carter
Hall e Shiera vinham reencarnando desde o Antigo Egito, onde haviam encontrado
o metal enésimo – que, por sua vez, veio de Thanagar.
A confusão não para por aí (acho eu...) mas já é
o suficiente por enquanto. Não vou nem
falar das minisséries Hawkworld e Hora
Zero, e das implicações das “Novas 52” sobre o personagem.
A DC lançou um encadernado bem interessante, com
688 páginas, reunindo as revistas HAWKMAN, #1-25 (maio de 2002 a abril de 2004),
bem como material de JSA #56-58 e HAWKMAN SECRET FILES. O roteiro é do prolífico Geoff Johns, um dos
roteiristas mais importantes da editora nos últimos anos; e de James Robinson. Entre os ilustradores, temos Rags Morales,
Patrick Gleason e Ethan van Sciver.
Os comentários dos leitores na Amazon são
negativos quanto à edição. Muitos
reclamam que o livro é colado, e não costurado, o que dificulta abrir amplamente
o volume. Outros reclamam que não há “extras”
(esboços, entrevistas etc.)
O fato de o volume ser colado não me incomodou
até agora. Dá para abrir bem o livro, e
as folhas não estão ameaçando cair. A
falta de extras é mesmo um pouco decepcionante, mas não prejudica a edição como
um todo.
No geral, vale a pena.
Para maiores informações sobre toda a confusa história do Gavião Negro, recomendo que consultem o verbete em inglês da Wikipedia e a DC Comics Database, ambas inestimáveis na redação deste texto.