segunda-feira, 23 de julho de 2012

Alan Moore, o mago dos quadrinhos


Quando se fala em Alan Moore, a discussão pode tomar diversos rumos, mas um ponto é pacífico: trata-se de um dos roteiristas mais importantes de todos os tempos.  Infelizmente, muita gente só tomou contato com sua obra por meio das adaptações cinematográficas – que ele próprio detesta.  Filmes como A Liga Extraordinária (2003), Constantine (2005), V de Vingança (2005) e Watchmen (2009) podem ter feito sucesso, mas Moore não gosta que seus trabalhos sejam adaptados para o cinema – tanto que seu nome não aparece nos créditos de Watchmen e foram retirados dos créditos de V de Vingança. 

Capa da edição  encadernada
de A Liga Extraordinária - Volume I..
Em A Liga Extraordinária, por exemplo, a adaptação ficou muito diferente da ideia original.  Alan Moore reuniu personagens pré-existentes na literatura como o Capitão Nemo, de 20.000 Léguas Submarinas; Allan Quatermain, de As Minas do Rei Salomão;  o Dr. Jekyll, de O Médico e o Monstro, e Mina Harker, de Dracula.  No filme, Mina aparece como uma vampira, enquanto que os quadrinhos deixam a questão apenas insinuada – o que é muito mais sutil e interessante.  Além disso, foi incluído o personagem de Tom Sawyer, que não tinha nada a ver com a história.  É bem possível que a inclusão se deva ao desejo de inserir um personagem americano na trama.

Constantine merece um capítulo a parte.  O personagem foi criado por Moore na época em que escrevia a revista O Monstro do Pântano, e aparece naquele título como coadjuvante.  Devido ao sucesso, o personagem ganhou um título próprio: a revista Hellblazer, e desde então teve vários roteiristas.  Nos quadrinhos, John Constantine é um inglês louro.  No cinema, é um americano moreno.  O filme só não chega a ser totalmente ruim porque não pretende ser a adaptação de uma obra específica, mas apenas uma nova aventura do personagem (embora contenha elementos que apareceram nos quadrinhos, como no arco de histórias intitulado Dangerous Habits).

Watchmen, por outro lado, é uma adaptação excepcionalmente fiel.  Apenas um aspecto do final da história foi modificado, mas sem alterar a conclusão do filme.  Ainda assim, Moore não quis que seu nome aparecesse nos créditos.

Ele não foi o único escritor a mostrar que os quadrinhos podem ser uma mídia séria, mas sem dúvida foi um dos que obteve maior sucesso nessa empreitada.  Já que ele se interessa por magia, não é de se estranhar que tenha se tornado um mago na arte sequencial.

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