quarta-feira, 18 de julho de 2012

Flash Gordon





Desde sua criação em 1934, o aventureiro espacial Flash Gordon teve uma longa carreira nas tirinhas de jornal, nos quadrinhos, no cinema, no rádio e na TV. Muitos ilustradores competentes contribuíram para a glória de Flash, incluindo o ótimo Al Williamson, mas ninguém foi tão espetacular como Alex Raymond (1909-1956), o criador do personagem. Seu traço altamente acadêmico chega a lembrar pintores como Rembrandt ou Michelângelo; os equipamentos futuristas (para os anos 30, claro) eram convincentes, e os cenários eram deslumbrantes.

Lembro-me de ter visto um álbum de Flash Gordon exposto na vitrine de uma livraria quando tinha uns 11 ou 12 anos. Era um daqueles em formato gigante, editado pela Ebal em preto e branco e com capa dura. Na época, senti que estava diante de algo extremamente importante. Não me ocorreu de pedi-lo aos meus pais, e até hoje não entendo o motivo – talvez achasse que estivesse além do que eu estava merecendo naqueles dias.

Levei mais de 20 anos para comprar um daqueles álbuns, e foi logo o primeiro da série: Flash Gordon no Planeta Mongo, que reúne as páginas dominicais originalmente publicadas em 1934 e 1935. A edição brasileira era de 1973 – poucos anos mais nova do que eu.

A falta da cor não prejudicou em nada minha apreciação daquela arte incrível. O único problema de ler esses volumes que reúnem suplementos dominicais é o grande número de repetições: quase sempre, o primeiro quadrinho de uma página traz uma recapitulação do que ocorreu na página anterior (que você acabou de ler), o que se torna cansativo. Por outro lado, temos a vantagem de não precisar esperar uma semana para saber como Flash escapou do último perigo.

Com o passar dos anos, comprei outras edições: uma americana, colorida, e uma nova edição brasileira (São Paulo: Kalaco, 2010), mas tenho um carinho especial por aquele primeiro volume - até porque as edições da Ebal, ainda que monocromáticas, eram de excepcional qualidade. Conta-se que o ilustrador Al Williamson ganhou de presente o primeiro álbum (Flash Gordon no Planeta Mongo) do próprio Adolfo Eizen, fundador da Ebal, e gostou tanto que encomendou mais 12 exemplares para presentear os amigos.

Edições à parte, um fato permanece inalterado: Flash é o herói definitivo. Era musculoso (mas não em exagero), corajoso e hábil em todo tipo de atividades: lutava com espadas, disparava pistolas de raios, pilotava espaçonaves e comandava exércitos com naturalidade. Tamanha perfeição pode ser inverossímil e até irritante, mas não nele.

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