C. G. Jung (1875-1961), o psiquiatra fundador da psicologia analítica, identificou certas formas encontradas na psique, existentes em todas as épocas e em todos os lugares. A tese é de que o ser humano, como todo animal, possui uma "psique pré-formada" que vem desde o início da espécie, onde residem certas imagens primordiais que se manifestam em todas as épocas e em todo o mundo. Jung chamou essas formas de arquétipos.
A concepção de formas universais pré-existentes ao indivíduo e alheias a qualquer interferência cultural remete-se ao idealismo kantiano e não é um ponto pacífico na comunidade científica. Evitando entrar nessa discussão, James Hillman, inaugurador da Psicologia Arquetípica, procurou focalizar o aspecto fenomenológico concentrando-se nos padrões arquetípicos, e não propriamente em seu viés abstrato. Assim, buscava estuda-los na mitologia, na religião, na arte, nos mitos, sempre privilegiando a imaginação.
O arquétipo do herói é um dos mais cativantes, e é facilmente encontrado nas mais diversas culturas - desde os gregos, como Aquiles e Ulisses, até os tempos atuais. Como exemplos na cultura anglo-saxônica, temos o Rei Arthur, Indiana Jones, James Bond, e tantos outros. Os arquétipos muitas vezes "aderem" a pessoas reais, como Neil Armstrong (o primeiro homem a pisar na Lua). Essas pessoas passam a corporificar o ideal heroico que existe desde tempos imemoriais.
As revistas em quadrinhos de super-heróis exploram bem esse padrão arquetípico, oferecendo ao público personagens que os leitores possam admirar e que satisfaçam essa propensão ao culto do herói. De certa forma, Superman, Batman e o Lanterna Verde são descentes de Ulisses, Aquiles e Teseu.
Texto também disponível no meu blog Doctor Mirabilis - O Mundo Segundo Fred: http://doctormirabilis.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário