segunda-feira, 19 de maio de 2014

O “X” da Questão

X-Men n° 1
Setembro de 1963
Capa de Jack Kirby e
Sol Brodsky


Na década de 1960, os leitores de quadrinhos foram apresentados a personagens que ganharam superpoderes por causa de acidentes - como Peter Parker (Homem-Aranha), Matt Murdock (Demolidor) e Bruce Banner (Hulk).   Stan Lee, co-criador de todos esses personagens, pensou então em criar heróis que já nasceram com superpoderes. Assim começa a emaranhada história dos X-Men.

A revista original (X-Men n°1) foi lançada em setembro de 1963, fruto de mais uma parceria entre Stan Lee e Jack Kirby, e teve histórias inéditas até o n°66.  As edições de n° 67 (dezembro de 1970) ao n° 93 (junho de 1975) trouxeram reprises.   Muitos anos depois (entre dezembro de 1999 e setembro de 2001) o excelente John Byrne criou a série limitada The Hidden Years, contando o que estava acontecendo à equipe durante aquele período. 

Giant-Size X-Men n°1
Maio de 1975
Capa de Gil Kane, Dave Cockrum
e Danny Crespi
Voltemos à década de 1970.  Em maio de 1975 saiu Giant-Size X-Men #1, inaugurando uma nova fase, e um jovem chamado Chris Claremont começou a escrever a partir da edição #94 (julho de 1975).  A expressão “Uncanny” começou a ser utilizada na capa no n°114, e o título foi oficialmente adotado no n°142.  Todas as edições anteriores foram retroativamente designadas Uncanny X-Men, para fins de catálogo (e confusão de nossas cabeças).

Chris continuou  trabalhando na revista  até o n°279 (agosto de 1991). Foram cerca de 16 anos ininterruptos à frente do título, fazendo com que o autor entrasse para o livro dos recordes.  Dois meses depois, em outubro de 1991, foi lançado um novo título chamado simplesmente X-Men (sem interrupção do título tradicional, Uncanny X-Men), com roteiros de Chris Claremont e arte de Jim Lee.  Chris saiu após escrever os três primeiros números.  De 2001 a 2004, essa revista (X-Men) passou a se chamar New X-Men e em fevereiro de 2008, tornou-se  X-Men: Legacy .

Claremont voltou ao universo dos X-Men em julho de 2001, com X-Treme X-Men n°1.  Ele escreveu todos os 36 números dessa nova série, que perdurou até 2004.  Entre 2012 e 2013, a série foi relançada com roteiros de Greg Pak.

Em julho de 2004, Chris Claremont voltou novamente a Uncanny X-Men, e continuou a escrever até o n° 473 (agosto de 2006). O número final da revista foi o 544, de outubro de 2011.    Encerrava-se o chamado “Volume 1” do título.

De janeiro a dezembro de 2012, foi publicado o “Volume 2”,  com roteiros de Kieron Gillen e, em janeiro de 2013, Uncanny foi relançada como parte da iniciativa Marvel NOW, e continua até hoje, em maio de 2014.  É o chamado “Volume 3” da revista. 

De todo esse material, o de Claremont chama atenção por causa da longa relação entre o autor e os personagens – os quais ele soube desenvolver e explorar como poucos.   Foi dessa fase que saíram alguns dos momentos mais marcantes dos X-Men, como os ciclos de histórias que ficaram conhecidos como “A Saga da Fênix Negra”, “Dias de Um Futuro Esquecido” (que agora foi adaptada para o cinema), e “A Queda dos Mutantes”.  Em contrapartida, surgiu uma dificuldade: as histórias foram ficando tão complexas, tão cheias de idas e vindas, com tantas referências internas, que corriam o risco de afastar novos leitores – ainda mais naqueles tempos sem Internet, onde o máximo que alguém poderia fazer para se atualizar era tentar comprar números anteriores numa loja de gibis (que até hoje são raras no Brasil) ou perguntar aos amigos o que estava acontecendo.  

Um exemplo que deixa marcas até hoje é a morte de Jean Grey, a Garota Marvel, mostrada em X-Men 137 (dezembro de 1980). Alguns anos depois, surge uma sósia (na verdade, clone) da personagem: é Madelyne Prior (Uncanny X-Men 168, de abril de 1983).  A própria Jean reaparece em Fantastic Four 286, de janeiro de 1986, onde ficamos sabendo que ela não havia morrido.  Por fim, em New X-Men 150 (fevereiro de 2004), Jean morre de maneira definitiva - até o momento...

Essas reviravoltas são comuns quando se trata de X-Men - sendo que, 25 anos depois de Madelyne cruzar o caminho dos heróis mutantes pela primeira vez, ela aparentemente volta no n° 503 de Uncanny X-Men (dezembro de 2008), envolta em muita especulação do público quanto ao fato de ser a “verdadeira” personagem ou alguma outra entidade.    Falar sobre Jean Grey e Madelyne Prior para alguém que esteja começando agora a ler quadrinhos pode levar tempo. 

Outro exemplo interessante: em 1986 surgiu o título X-Factor, com uma equipe formada pelos X-Men originais (Fera, Anjo, Homem de Gelo, Cíclope e Garota Marvel), que foi agregando outros personagens.  E, em 2005, foi lançado um novo ­X-Factor, que agora era uma espécie de agência de detetives mutantes, com personagens diferentes.


É por essas e por outras que a leitura de gibis é um hobby, mais do que a simples atividade de ler.  É como acompanhar os jogos de um time, as trocas de técnicos e jogadores, a atuação dos árbitros e sem perder de vista o plano geral do campeonato.

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