terça-feira, 26 de novembro de 2013

52 Anos de Quarteto Fantástico


1961.  A chamada “corrida espacial” estava em andamento: americanos e russos (ou melhor: soviéticos) disputavam a supremacia em termos de realizações espaciais.  Foi o ano do voo histórico de Yuri Gagarin, que se tornou o primeiro homem a viajar pelo espaço.
É nesse contexto que foi lançada a importantíssima revista Fantastic Four n°1, que apresentou ao mundo quatro personagens que tentaram ser os primeiros seres humanos a chegar ao espaço.  Os heróis sabiam da necessidade de mais pesquisas sobre os misteriosos “raios cósmicos” antes do lançamento, mas queriam ter a certeza de chegar ao espaço antes dos commies (termo pejorativo usado para designar comunistas.  Algo como “comunas”, em português).
Ironicamente, a revista foi lançada em novembro de 1961.  O voo de Gagarin ocorreu em 12 de abril daquele ano.   Naturalmente, quando Stan Lee e Jack Kirby produziram a obra, ninguém tinha ainda chegado ao espaço, mas a publicação foi ultrapassada pelos fatos.  Na prática, isso não fez muita diferença: a revista revolucionou o modo de contar histórias de super-heróis.
A Marvel era ainda um nome novo no mercado.  Embora a empresa fosse fruto da Atlas Comics (que, por sua vez, vinha da Timely Comics, fundada em 1939), os primeiros títulos com a “marca” Marvel foram editados poucos meses antes (Journey into Mystery n°69 e Patsy Walker 95, ambos datados de junho).  Nada de extraordinário até então - mas, com a estreia do Quarteto Fantástico, iniciava-se uma nova era para os quadrinhos. 
Os heróis, longe de serem perfeitos, eram como gente de carne e osso, com traços pouco invejáveis: Sue mostra um lado manipulador ao chamar Ben de covarde para convencê-lo a embarcar no foguete; Ben, por sua vez, é grosseiro e irritável, e chega a agredir Reed fisicamente.   Além disso, os personagens fazem coisas que trazem consequências ruins: basta dizer que o calor das chamas de Johnny (o Tocha Humana) incendeia aviões de caça americanos, e que Ben causa um acidente de trânsito ao sair do subterrâneo no meio de uma rua.
Até mesmo o vilão – o Toupeira – tinha um lado bem humano: era um homem feio e patético que decidiu isolar-se da sociedade por ter sido desprezado e humilhado. 
A narrativa  era não –linear e pouco convencional: contém um longo flashback e eventos que acontecem simultaneamente.

Todos esse fatores contribuíram para fascinar o público e chamar a atenção para a Marvel, que começava a firmar as características de uma editora moderna, inovadora e diferente.  O nome Marvel tornou-se uma verdadeira grife no mundo editorial, como se fosse uma Lacoste dos quadrinhos.  Consolidando essa posição, a empresa lançou, no ano seguinte, personagens como o Hulk (que estreou em The Incredible Hulk n° 1, de maio de 1962), Thor (Journey into Mystery n° 83, de agosto de 1962) e o Homem-Aranha (Amazing Fantasy n°15, de agosto de 1962).  Muitos outros personagens se seguiram, mas foi com o Quarteto que surgiu um novo conceito em termos de super-heróis.

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