quinta-feira, 14 de novembro de 2013

As Faces da Fúria

Maio de 1963: estreia de Nick Fury.
Quando comecei a acompanhar as aventuras de Nick Fury, ele tinha cabelo grisalho, tapa-olho, roupa colante, patente de coronel e viva na época atual.  Era, portanto, diferente do conceito original dos mestres Stan Lee e Jack Kirby. 
Em sua estreia na revista Sgt. Fury and His Howling Commandos (maio de 1963), o herói era um sargento em ação na Segunda Guerra Mundial.  Tinha cabelos castanhos, enxergava bem com os dois olhos e, naturalmente, vestia-se como um sargento comum.  A aventura inaugural é instigante e envolve o resgate de um chefe da Resistência Francesa capturado pelos nazistas.  Pode ser encontrada na excelente coleção Marvel Essential, que publica volumosas coletâneas de quadrinhos por um preço relativamente baixo (embora em preto e branco).


Edição da série "Marvel Essential".
Reúne os números 1 a 23 de Nick Fury and his Howling Commandos,
além da edição anual n°1

Com o tempo, o personagem foi se modificando até alcançar as características que ficaram tão familiares para os leitores da minha geração.  As mudanças têm início quando Fury sofre graves ferimentos ao final da guerra na Europa e recebe um medicamento experimental que, além de curá-lo, prolonga sua vida.  Com o passar do tempo, o herói vai trabalhar no Office of Strategic Services, e continua no mesmo órgão quando este se transforma na Central Inteligence Agency (CIA).  Devido ao sucesso de suas missões de espionagem na guerra da Coreia, o sargento recebe uma promoção de combate e torna-se tenente.  Com o tempo, chega a coronel e torna-se diretor da S.H.I.E.L.D. – a fictícia agência do Universo Marvel.  A sigla, em inglês, corresponde a Supreme Headquarters, International Espionage, Law-Enforcement Division, depois modificada para Strategic Hazard Intervention Espionage Logistics Directorate.
Quando a Marvel criou o universo Ultimate, com versões modernizadas de seus personagens mais famosos, Nick Fury recebeu uma revisão radical: em vez de um homem branco, grisalho e com a barba por fazer, surge um homem negro, calvo e de cavanhaque, inspirado na aparência do ator Samuel L. Jackson.  Essa versão, mais moderna e carismática, foi a escolhida para aparecer em diversos filmes da Marvel, interpretada pelo próprio Jackson, que fez uma discreta aparição depois dos créditos finais dos filmes Homem de Ferro (2008), Thor (2011) e Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), além de ter participações maiores nos filmes Homem de Ferro 2 (2010) e Os Vingadores (2012).
Surgiu, então, um problema: os filmes poderiam atrair muitos leitores para as revistas Marvel, mas os novatos que comprassem as revistas da cronologia principal (que excluem o universo Ultimate) possivelmente iriam estranhar um Nick Fury tão diferente daquele do cinema.  Como fazer para unificar a aparência do personagem?
A solução foi criativa: surge o sargento Marcus Johnson, um Ranger do exército americano servindo no Afeganistão que, no final das contas, era Nicholas Fury Jr. – filho do "original", e com o mesmo visual do Nick Fury do cinema e do universo Ultimate.   O personagem é apresentado ao público na minissérie Battle Scars, lançada de janeiro a junho de 2012 nos Estados Unidos, e em janeiro de 2013, no Brasil, em volume único (Avante, Vingadores! 57).
É o caso do texto que inspira o filme que inspira o texto...

  

Um comentário:

  1. Fred, coloquei o link desse blog no meu. Essa evolução( ou seria involução) dos personagens´dá um nó na cabeça de qualquer leitor. Abraços

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