quinta-feira, 5 de junho de 2014

Homem Comum, Homem Aranha


O apelo do Homem-Aranha sobre o público jovem parece eterno.  Desde seu primeiro aparecimento na revista  Amazing Fantasy n°15 (agosto de 1962), a criação de Stan Lee (roteiro) e Steve Ditko (desenhos)  cativou os corações dos leitores – e é fácil de entender por que.  Peter Parker, o personagem principal, era um jovem estudante magro e inseguro, cheio de problemas, que admirava as garotas à distância e sofria zombarias dos valentões da escola.  Depois de um acidente com radiação, ele adquire poderes sobre-humanos e, no princípio, decide utilizá-los apenas em benefício próprio, até que uma grande tragédia faz com que ele tome contato com suas responsabilidades - daí a icônica frase, decorada por todos os fãs: “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”.
O personagem, portanto, não era um cientista, um agente secreto, um astronauta ou um policial, mas apenas um garoto comum – o que facilitou a identificação com o público.  Além disso, ao contrário de outros heróis, a máscara do Homem-Aranha cobria o rosto todo, de modo que qualquer jovem, independendo de sua origem étnica, poderia se ver naquele uniforme.  Numa época de considerável segregação racial, seria difícil que um rapaz negro se identificasse com o louro Thor, mas todos poderiam se ver com o traje enigmático de Peter Parker.    
Além de tudo, Peter precisava se preocupar com sua Tia May, uma senhora já bem idosa, com diversos problemas de saúde.  Em várias ocasiões, o herói precisava conciliar sua vida de estudante, sobrinho, namorado e fotógrafo com suas atividades de combate ao crime.
Muitos jovens tímidos e inseguros gostariam de ter um poder secreto: algo que compensasse as frustrações do cotidiano e a falta de amigos na escola.  Certamente, seria fascinante pensar: “vocês podem achar que não sou ninguém, mas eu sei que sou importante.”  O irônico é que todos nós somos importantes, de um jeito ou de outro.  E, além disso, todos temos alguma habilidade, algum talento, mesmo que não o tenhamos descoberto.  É possível que, dentro de cada garoto tímido exista o potencial para o surgimento de um cientista, um músico, um atleta, um pai carinhoso.

E você, leitor?  Já descobriu o seu “poder” ?   
A primeira aparição do Homem-Aranha.
Amazing Fantasy n°15 (agosto de 1962)
Capa de Jack Kirby (desenho) e Steve Ditko (arte-final).


Este texto será publicado, em breve, na minha coluna no portal Por Dentro da Mídia.

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